sábado, 8 de outubro de 2011

És um senhor tão bonito...

O tempo continua seguindo seu caminho, renovando a humanidade. A humanidade que reside a minha volta, de uma forma natural, evoluiu, e continua em constante evolução. Considere a palavra 'evolução' com o significado de 'dar prosseguimento à sua vida'. Evolução nos remete a algo grandioso, e de fato é. Mas nesse caso, quando detalhar-me, entenderá que trato de um fato comum a todos, menos a mim. E talvez entenda porque utilizei tal palavra.

Todos ao meu redor cresceram, entraram na puberdade. Elas passaram pelo constrangimento de 'virar mocinha'. Eles, pela vergonha da mudança de voz. Comigo, quem sabe infelizmente, não foi diferente. Cresci, tenho barba e pentelhos. Dessa vez, realmente infelizmente.

Falo de uma evolução vital. Tal qual o crescimento do corpo, o crescimento da mente. Pessoas tomam decisões, compram roupas, escolhem namorados, estudam, pensam, sonham, fazem. E eu aqui, como se estivesse em um ponto de ônibus esperando algum ônibus que ninguém sabe se vai passar. E à minha frente, um ônibus sem condutor. Será que barba e pentelhos ensinaram todos a dirigir?

Algumas poucas vezes eu dirigi. Agora, consigo recordar-me de dois destinos: Central do Brasil e Vila Velha. Dois lugares que me deixaram em estado de êxtase. Por algum motivo inexplicável que me devora, não dirigi mais. Fico em dúvida se minha alma de condutor prendeu-se a uma dessas felicidades, ou se o que me falta é coragem para deixar o passado ser passado.

Escrever me lembra Central do Brasil. Hoje, a felicidade se transforma em uma melancólica nostalgia. Escrever me remete ao número 8, que me leva à Vila Velha, outro passado - ou presente - alegre.

Passado e presente entrelaçam-se em um tempo aparentemente sem futuro. Porém quem sabe essa terapia não represente o embarque no ônibus até então sem condutor?

Barba e pentelhos, vocês ainda ensinam a dirigir?