terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Pinte-me

Saudades... Havia uma época em que sonhava com uma vida amarela. Nessa época, tudo era amarelo, mas a minha sede era vermelha. Meu olhar, ofuscante. Os sonhos eram coloridos, mas o amarelo me chamava mais a atenção do que qualquer outra cor. Nesses sonhos, uma sereia amarela me mantinha confiante. Uma verdadeira princesa... O tempo passa, e tudo vai perdendo o brilho. O mundo fica cinza. Cinzamente cinza. Eu tenho medo do cinza, e quero uma vida amarela. Acho que quando tudo que vejo é cinza, também sou cinza... Tudo era amarelo, mas será que eu era amarelo? Afinal, cinza ou amarelo? Qual é a minha cor? Pinte-me. Um roseado sorriso, um azulado obrigado e um avermelhado abraço. Eu nao tenho cor... Saudades!

Psimaçãnálise

Na complicada delimitação do cedo e do tarde, temo adiantar ou atrasar o exato. E o exato é exato. Sem um tempo a menos ou a mais. Portanto, quando será o exato? Quando sentir? Quando pensar? Ele ja passou? As maçãs sabem. Sim, elas sabem. Elas caem quando sentem? Quando pensam? Na verdade, elas se colocam sob a maestria do tempo e seguem sua natureza. Maçãs sentem e pensam, mas esperam. Eu não quero esperar. Maçã é maçã. Eu sou eu. A vida é a mesma e não tem verdade nem resposta. Ponto.

GG

Olhos sem brilho, pele sem cor e com cheiro de cigarro, assim como suas roupas. Um porco bigode e uma barba por fazer. Chulé. Rotineiro e bebedor. Ambicioso por nada. Grosseiro e sistemático. Nas sextas, bêbado. Orgulhoso de sua família. Um péssimo orgulho. Havia enjoado de ovos e deixado de sonhar. Aos 7, a mãe virou estrela. Aos 20, o fiel escudeiro foi para a lua. E a partir de então, seu único interesse era por morte. Finge viver uma vida que morreu. Eis o paradoxo vital: quem quer morrer, vive!